Review –The body SHop

Esse é o primeiro review do blog !

Eu pretendo fazer  não só reviews de produtos específicos, mas também reviews de marcas/brands , mostrando como as empresas de beleza  trabalham, sua missão e público, qualidade e tecnologia da produção,  responsabilidade  social e ambiental, etc etc Desse modo, acredito que vocês poderão fazer suas escolhas de consumo de maneira mais responsável .

Minhas razões para abrir os reviews com  a marca britânica The Body Shop são essas:

  • Testei extensivamente vários produtos da marca nesses últimos 02 anos;

  • A empresa é famosa linha de “comércio responsável”  e se orgulha de não testar produtos em animais;

  • A parceria com comunidades locais – prática de comércio justo – para extração consciente de matérias primas;

  • A recente venda da marca para o conglomerado da L’Oreal é uma das maiores polêmicas do mercado.

                                                                                  

                                                               crédito – The Body Shop UK website

Eu sou uma pessoa que possui diversas alergias alimentares, mas que não costuma ter reações relacionadas a produtos de higiene ou beleza. Recentemente, enquanto  vivia na Inglaterra, eu tive um período de adaptação dificil no que concerne a minha saúde em geral, especialmente porque morava numa cidade bem ao norte do país, onde o frio é a regra. Foi aí que eu decidi trocar todo os produtos de limpeza e hidratação da pele por produtos do The Body Shop. Eu testei os produtos comprando as embalagens mini pra viagem, e pedindo amostras na loja local. Testei, aprovei, e curti bastante varias caracteristicas da marca.

Primeiro, a marca tem um custo benefício ótimo (precinho era mesmo super camarada, principalmente nas compras online) pra quem gosta de coisas legais  mas não pode gastar muito. Outra, desde a sua fundação há trinta e poucos anos atrás, eles sempre persistiram na manutenção de cinco valores:   matérias-primas adquiridas através do comércio justo com as comunidades extrativistas; luta pelos  direitos humanos;  valorização da autoestima;  proteção do planeta, e a proibição de testes em animais. Seja por  meio de lobbying , educando o seu público consumidor , participando de  ações concretas , o The Body shop é uma empresa engajada. Junto com o PETA, Cruelty Free International e outras organizações conseguiram um importante marco :  desde 2013, nenhum tipo de cosmético vendido na União Européia pode ter sido desenvolvido com ajuda de testes em animais ainda que esses testes tenham sido feitos fora da região. No Brasil, o projeto de banir os testes existe na PL 6602/2013, mas anda a passos lentos. (tema para um post futuro, talvez ?)

O uso de extratos de produtos naturais na formulação é outro plus. A empresa se intitula 100 % ecológica alguns produtos são certificadamente orgânicos, outros não. Contudo, no portfolio da The Body Shop, os extratos naturais estão entre os 3 ou 5 ingredientes principais na formulação dos produtos , o que enfatiza essa pegada consciente que a marca preza.. Ainda, esse tipo de matéria prima é adquirida por meio do chamado comércio justo. O que isso significa?  Significa que a empresa faz uso de  comunidades extrativistas locais, que já tradicionalmente trabalham com aquele produto base, e investem no empoderamento e na capacitação desse pessoal. Esse é  a consequência do programa Trade, not Aid, criado pela marca  em 1987. No Brasil, por exemplo, a empresa compra óleo de babassú de uma cooperativa no Maranhão composta inteiramente de mulheres. Com essa troca comercial, defendem a floresta em pé, ajudam no desenvolvimento social de comunidade e movimentam a economia local. A empresa também aposta no empoderamento feminino ,e  por meio da sua fundação social própria,  financia projetos relacionados ao redor do mundo. Se você lê bem em ingles, recomendo  clicar aqui e ler a respeito do empenho da empresa nas questões de direitos das mulheres.

                                          

                                Crédito – The Body Shop UK website. Catadora de babassu , Maranhão.

Dos produtos mais famosos da The Body Shop, vocês já deve ter ouvido elogios para com as manteigas corporais – body butters- cujas bases  são  a manteiga de karité, óleo babassú, manteiga de cacau e óleos aromáticos diversos naturais. Eu já testei as de castanha do Pará, a de Bakula (toque oriental) , karité e a de Limão, todas muito hidratantes e com aromas deliciosos. Recomendo. Já usei o gel pra banho ( que seguem os  aromas das butters),  gel de limpeza pro rosto e produtos da linha de hidratação para os pés, e digo que  são todos muito eficientes. No quesito cuidados para a pele, recomendo a  linha Nutriganics, única que é certificadamente orgânica na empresa e da qual  uso  o hidratante diário e o creme para olhos, e também a coleção com Vitamina C.

Mas não se engane, a marca  não faz uso de produção orgânica ou vegana. Ela é simplesmente mais consciente dos produtos na sua linha de produção.

Bom,  todo o conceito  de economia ética da The body Shop  parece muito bom no papel . Será tudo isso verdade ?

Como parte do seus planos de responsabilidade social, os relatórios de desempenho e as prestações de conta estão abertas ao público no site da empresa. Infelizmente,muitas desconfianças hoje envolvem a empresa, após sua venda para a L’Oreal em 2007. Questões como  qualidade dos produtos, comprometimento ético e o empenho com práticas de Comércio justo do The Body Shop tem sido colocados em xeque não só por consumidores como também por empregados e especialistas. A Nestlé – que é dona de quase 30 por cento do conglomerado L’Oreal, foi votada por internautas como a empresa mais irresponsável do mundo, e o simples anúncio da venda da marca pra uma empresa tão irresponsável chocou milhares consumidores, que passaram a boicotar abertamente  o The Body Shop. Alguns consumidores notaram novas concentrações  de ingredientes químicos “violentos”  em certos produtos. Ainda, inúmeras pessoas associadas às duas empresas já relataram em sites, foruns e entrevistas o descaso da L’Oreal em manter os acordos relacionados ao empoderamento de comunidades extrativistas e a proibição de testes em animais. O selo “cruelty free” , a maior bandeira  da The Body Shop, hoje é colocada em dúvida por  seus próprios funcionários, frustrados com as politicas do novo conglomerado.

                                                                                                                      

Documentos e testemunhos sobre a qualidade dos produtos base, falhos protocolos de segurança e supostos testes em animais feitos fora da União Européia , além de descaso com consumidores e com suas franchises  foram divulgados na rede nesses ultimos anos. Consequências diretas da aquisição? O que me  parece claro, levando em conta o histórico ativismo da empresa e o atual  declinio nas vendas, lucro e na satisfação dos clientes ,é que quem sai perdendo somos sempre nós, consumidoras conscientes. Vamos torcer para que a L’Oreal aprenda e adote os valores eticos e ecológicos da The Body Shop nas suas relações comerciais e socias.

Aguardem reviews detalhados dos produtos The Body SHop !

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